Moda é muito mais que política

Neste artigo, vou compartilhar com você, meu caro leitor, alguns dons pensamentos que me surgiram ao ler uma postagem feita recentemente em uma rede social.

Nesta postagem duas principais ideias eram defendidas:

  1. A Moda não deve jamais ter como principal função a busca pela Beleza e pela Harmonia
  2. O verdadeiro papel da moda é político: é propagar determinadas ideias e valores.

É possível que eu me alongue um pouco, mas creio ser necessário explorar essas ideias e suas implicações, mais do que somente reagir “com o estômago” seja para abraça-las, seja para rejeitá-las.

Vou começar pela segunda ideia: que prega um papel político, retórico e ideológico para a moda como sua verdadeira finalidade.

Ao longo do texto, diversas vezes são lançados ataques ao que se diz ser uma visão “conservadora” e “tradicional” de mundo (em um entendimento completamente desfigurado dos termos). Deixando as ignorâncias históricas, políticas e filosóficas da autora de lado, isso nos revela a verdadeira natureza de seu pensamento.

Segundo ela, certas estruturas visuais e certos movimentos da moda são indesejáveis e dignos de repúdio por manifestarem e propagarem uma visão política conversadora e tradicional.

Mas, segunda a mesma autora, o objetivo e função da moda é justamente a defesa e propagação de valores de tipo político e ideológico.

O que nos leva a inevitável conclusão: ela deseja que a moda seja uma ferramenta para propagação dos valores que ela própria defende. Se forem valores diferentes do dela, então a regra já não vale mais.

Seria isso desatenção? Hipocrisia? Mal caráter? Me abstenho de opinar os motivos, mas para quem conhece a fundo as ideias que a autora da peça em análise defende, não há nada de novo nesse tipo de comportamento que falta completamente com a verdade e com a coerência.

Mas o que importa mesmo é olharmos para o primeiro ponto que destaquei lá em cima. Porque vou ser muito sincero com você: essa história de que moda precisa necessariamente ser expressão política, é uma grande baboseira.

Eu diria que a moda ruim é isso. Aquela que tem pouco valor, aquela feita sem talento e sem engenho. O mesmo vale para a arte. Inclusive, vamos transcrever a frase completa dita no post original:

“Assim como a arte, a função principal da moda nunca foi nunca deverá ser a busca pela beleza e pela harmonia”

O que ocorre é que toda arte cuja finalidade é pura e simplesmente a defesa de algum tipo de ideia, teoria ou visão de mundo, deixa de ser arte em strictu senso e está condenada ao ostracismo.

As pessoas ainda procuram manifestações artísticas de períodos anteriores não por um saudosismo associado a certas conjunturas históricas e sociais do período em questão como erroneamente supõe a autora do post. Mas sim por serem estas expressões genuinamente artísticas.

O papel da arte é dar vida, cores, forma e som para realidades que são universais: como os movimentos da alma humana, como os grandes valores e sonhos que regem a vida, como os dramas possíveis de serem vividos e suas soluções.

A arte, quando autêntica, ultrapassa os limites do seu próprio período histórico, de suas circunstâncias sociais e mesmo de qualquer discurso ou interpretação política e ideológica. Ao transcender tudo isso, a arte nos aproxima das realidades superiores e eternas. Algo menor do que isso, que se presta somente a propagar ideias e causas que logo serão varridas pelas areias do tempo é mera propaganda. É algo menor, menos importante e, muitas vezes, indigno de atenção.

A moda enquanto expressão artística segue a mesma linha. Quando é posta à serviço de pautas políticas como veículo de propagação de uma visão de mundo única que não admite contraditórios, torna-se algo diminuído, fraco e extremamente fugaz.

Por outro lado, quando se põe à serviço da Beleza e da Harmonia (revoltando-se contra a proibição da autora da postagem que deseja manter a moda como escrava dos seus próprios interesses) aí sim ela se eleva e passa a inspirar e a elevar as outras pessoas, tornando-se de pleno direito uma forma de arte.

Por fim, acho bem simbólico que a autora diga que cabe as pessoas fazer o julgamento do que consideram melhor e mais adequado.

Pois as pessoas falaram e continuam a falar.

Apesar dos milhões em investimento os desfiles dessa moda ideológica e lacradora enfrentam o desinteresse e mesmo o desprezo crescente da maioria das pessoas.

Enquanto isso a Beleza e a Harmonia continuam a serem buscadas e desejadas. As estruturas de vestuário e imagem que a autora desejaria banir e proibir (em nome da diversidade e da democracia) continuam a despertar cada dia mais interesse dos consumidores e os resultados são os melhores possíveis.

Para finalizar, gostaria de dizer a você leitor que nunca perca de vista o que realmente importa nesta vida. Os movimentos políticos vêm e vão. Certamente fazem parte da vida, mas tão somente como caminhos.

Já a finalidade da vida pode ser encontrada em realidades mais importantes e mais profundas, como a Verdade, a Beleza e a Bondade.

Deixe que os ativistas façam barulho. Deixe que destilem toda sua ignorância e ressentimento. A você eu desejo algo muito melhor – desejo um encontro com a Beleza que nos restaura a esperança, renova as forças e ilumina a escuridão das dificuldades da vida. Foque-se nesta luz que vem da Beleza pois eu posso te garantir que, daqui nem dez anos as pautas politicas terão mudado, tudo que se faz hoje nessa moda revolucionária terá já sido esquecido, mas a Beleza continuará lá, como sempre esteve e como sempre estará.

Não posso finalizar o artigo sem antes apresentar uma breve imagem do que sinalizo no título: que a moda vai muito além da política.

O ser humano busca, em todas suas manifestações, expressar sua individualidade. Seja na arquitetura, nas artes, na música, na escrita ou na moda, existe uma constante busca por integrar as diversas experiências, facetas e circunstâncias em uma expressão concreta capaz de representá-las e torná-las acessíveis a outras pessoas.

Esse mesmo movimento que observamos nos indivíduos, também afetam sociedades.

Podemos relacionar muitos movimentos da moda com circunstâncias históricas. Outros com particularidades de clima, cultura e ambiente. Outros ainda surgem de experiências individuais trabalhadas artisticamente de tal modo a se tornarem acessíveis a outras pessoas.

É neste sentido que a moda realiza sua vocação artística de manifestação do espírito de uma época, de uma sociedade e de indivíduos. Não raramente teremos expressões antagônicas entre si. Tendências conflitantes e diversos aspectos sendo explorados por diversos ângulos.

Note como isso é algo muito mais complexo e abrangente do que a moda como ferramenta não mais de expressão, mas de propagação e defesa de um conjunto restrito e fechado de ideias e visões de mundo.

A moda como arte permite que pessoas dos mais variados credos e ideais bebam de sua fonte e façam uso do que tem a oferecer, pois ela não se deixa trancafiar em mesquinharias ideológicas.

Já a moda como propaganda deseja conformar a mentalidade das pessoas, não aceita diálogo nem contradições, exige uniformidade de pensamento e de comportamento e na mesma medida que enaltece quem se curva à sua mensagem, busca diminuir e marginalizar quem ousa questioná-la.

Que este breve artigo tenha conseguido demonstrar como a ideia da moda que se identifica com política é rasa, frágil, destituída de fundamento e incapaz de agregar real valor seja às nossas vidas, seja à sociedade como um todo.

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